Dicionário de Termos e Gírias do Surf
Olá, galera!
É muito normal surfistas iniciantes ficarem “boiando” ao testemunhar um papo entre praticantes mais experientes desse nosso tão nobre esporte. E ele é tão singular, com uma comunidade tão forte, que até um dicionário próprio de gírias do surf, que chega a ser quase um idioma, ele tem.
Para tentar acabar com isso, resolvi escrever esse post com todos os termos técnicos e gírias do surf que me vieram a cabeça agora. Vale lembrar que são tantos e tantas variações por região, que posso ter me esquecido de vários. Portanto, a ideia desse texto é que ele seja colaborativo. Viu algo que eu não botei? Simples! Comenta no post que eu adiciono.
Para que você não fique mais perdido no pico, vamos, então, às tão famosas gírias do surf…
Termos e Gírias do Surf
- 360 – manobra na qual o surfista vai em direção a parte de cima da onda, dá uma volta inteira em torno de si mesmo e completa o movimento indo para a mesma direção na qual ele estava indo inicialmente.
- Aéreo – uma das manobras mais plásticas do surf. É até engraçado falar que é UMA manobra apenas, devido a multiplicidade de variações. Consiste no ato de ir em direção a parte de cima da onda com muita velocidade e, literalmente, levantar vôo executando algum tipo de movimento no ar, para completar a manobra com uma aterrissagem em pé (para valer), continuando na onda.
- Aloha – palavra da língua havaiana que pode ser usada como saudação ou despedida (olá ou tchau). Antes de se transformar em saudação era usada como demonstração de afeto, paz e compaixão.
- Arrebentação – a zona de arrebentação é a linha da praia onde as ondas normalmente quebram quando chegam. O surfista deve ficar atento ao posicionamento para pegar as ondas antes delas quebrarem.
- Backside – quando o surfista desce a onda de costas para a parede. Ou seja, sendo regular (veja abaixo), é quando ele pega uma onda para a esquerda. Sendo goofy (veja abaixo), é quando ele pega a onda para a direita. Geralmente é mais difícil do que o frontside.
- Bancada – composição do fundo do mar em determinado local. Pode ser de areia, pedra ou coral. É muito comum se referir ao pico como “bancada de Pipeline”, “bancada de Teahupoo”.
- Banco de Areia – quando o mar com fundo de areia possui um bloco mais raso no meio do nada. Está no dicionário do surf, pois quando ocorre, há a possibilidade de aparecerem boas ondas.
- Bateria ou Heat – nas competições, o período em que os surfistas entram no mar para as disputas entre si é conhecido como bateria (heat em inglês). As baterias do WCT duram 35 minutos, geralmente, e podem ter 3 ou 2 surfistas.
- Batida – outra manobra de surf. Consiste em ir em direção ao lip (veja abaixo) com velocidade, deixar o bico da prancha sair como se fosse dar um aéreo e voltar através de uma rasgada descendo a onda novamente.
- Beach-Break – quando o pico de surf tem fundo de areia, geralmente no meio de uma praia ou em um banco de areia. O problema desse tipo de pico é que o fundo está em constante alteração, tornando a leitura da onda mais difícil.
- Big Rider – são os surfistas de ondas gigantes, que encaram verdadeiras bombas de mais de 4 metros podendo a chegar a mais de 30 metros, como vimos o Carlos Burle fazer em Nazaré, Portugal.
- Bomba ou Morra – são as ondas que os big riders surfam, de mais de 4 metros, podendo ser maiores do que um ônibus ou um prédio. Imagina surfar um prédio? As vezes o termos é usado também quando vem uma onda muito grande numa série, por exemplo, a série está com 1,5m e vem uma onda de 2m. Esta pode ser considerada uma bomba. Se você gosta do assunto, fizemos um post com as maiores ondas do Brasil.
- Brother (Brô) – irmão em inglês é uma das formas como os surfistas se chamam: “Fala, brô, será que vai entrar o swell?”
- Caô – significa mentira: “Tá de caô comigo, brô?”
- Cavada – nesta manobra de surf, o surfista faz uma curva na base da onda para ganhar velocidade para ir na direção da crista.
- Clássico – quando um pico apresenta suas melhores condições de vento, ondulação e fundo. Nesses dias as paredes das ondas ficam perfeitas, ou como diriam os surfistas, abrindo, conectando as seções.
- Crowd – quando um pico tem muito mais surfista do que onda costumamos falar que ele está “crowdeado”.
- Cut-Back – manobra bem comum do surf. Consiste no ato de ir para a frente na parede, fugindo da espuma e fazer um movimento de reversão, voltando na direção da espuma.
- Deck – borracha que algumas pessoas colam em cima da rabeta da prancha para colocar o pé de trás.
- Direita – onda que quebra para a direita. Para pegá-la, o surfista deve se direcionar para a direita depois do drop. O curioso é que vista da areia, o surfista está surfando para a esquerda. Ideal para os regulars, que surfam as direitas de front-side.
- Drop – quando o surfista está remando para pegar a onda, o primeiro desafio é ficar em pé. O segundo é executar o drop, que é o ato de descer a onda para surfar a parede ou ir reto na espuma depois que ela quebra.
- Esquerda – onda que quebra para a esquerda. Para pegá-la, o surfista deve se direcionar para a esquerda depois do drop. O curioso é que vista da areia, o surfista está surfando para a direita. Ideal para os regulars, que surfam as esquerdas de front-side.
- Flat – o mar flat é o mar sem ondas. Não corra o risco de chegar no mar para surfar e encontrá-lo flat lendo nossos posts.
- Floater – manobra de surf que consiste em surfar no lip (veja abaixo) da onda antes de descê-la novamente.
- Free-Surfer – surfista de alma, que surfa apenas pelo prazer. Não gosta de competição e confusão. Curte a natureza e o lifestyle do surf.
- Frontside – quando o surfista desce a onda de frente para a parede. Ou seja, sendo regular (veja abaixo), é quando ele pega uma onda para a direita. Sendo goofy (veja abaixo), é quando ele pega a onda para a esquerda. Geralmente é mais fácil do que o backside.
- Goofy – é o surfista que usa o pé esquerdo como base, ou seja, atrás na prancha, ao contrário do regular. Para ele é melhor surfar ondas para a esquerda, as quais ele surfa de frontside.
- Grab Rail – quando o surfista está surfando de backside, se abaixa e coloca a mão na borda da prancha para pegar um tubo.
- Haole – é o cara que não é daquele pico, mas vem de fora para surfar ali. Vem da língua havaiana. Significa “homem branco, caucasiano, qualquer estrangeiro, de origem estrangeira”. Etimologicamente significa “aquele que não respira”, pois os havaianos perceberam que os estrangeiros não respiravam 3 vezes após suas rezas, como manda a tradição.
- Inside – quando as ondas estão grandes, a maioria dos iniciantes fica no inside, ou seja, mais perto da costa pegando ondas menores.
- John - é o famoso traje de mergulho (borracha) usado pelos surfistas em dias frios. Os mais legais até usam ao sol, mesmo sabendo que as roupas são pesadas e atrapalham um pouco. Pode ser um john curto, quando o fundo é curto ou longo, quando o fundo sobe até o tornozelo.
- Lay Day – é o famoso e nada agradável dia sem ondas, com mar totalmente flat. O termo é muito usado em competições, mas já pode ser ouvido no vocabulário do surfista comum também.
- Line-Up – linha onde a maioria das ondas começa a quebrar e por isso é onde ficam a maioria dos surfistas. É parecido com arrebentação, mas esta designa as ondas, enquanto line-up o posicionamento dos surfistas.
- Lip ou Crista – parte de cima da parede da onda, onde ela começa a quebrar, formando a espuma.
- Locais – são os nativos de um pico, pessoas que moram próximos dele e acabam surfando quase sempre ali. Não confundir com localismo, que é a prática de uma espécie de “xenofobia” com surfistas que não são do pico em questão.
- Longboard ou pranchão – prancha bem grande e larga que proporciona um surf mais clássico, com medos esforço e mais plasticidade. Os tamanhos variam, mas geralmente os pranchões ficam acima de 7’0″.
- Lycra – roupa de surf flexível para os dias de água menos fria.
- Mahalo – marrálo, como se pronuncia, significa “obrigado” na língua havaiana. É considerada uma palavra sagrada assim como “aloha”. Na língua havaiana, algumas palavras são dotadas de força espiritual na crença popular, por isso devem ser utilizadas de forma honesta e sábia.
- Maral – vento que sopra do mar em direção a terra, deixando-o storm ou mexido. É pior para as condições de surf, pois faz com que as ondas quebrem mais rápido, fechando.
- Maria-parafina – mulher que adora dar mole para os surfistas. Não pode ver uma prancha de surf que fica maluca.
- Marola ou Merreca – mar muito pequeno, mas com alguma condição de surf. Já virou até adjetivo ou advérbio: “Ele é muito merrequeiro (maroleiro)”.
- Outside – ondas mais longe da costa do que no inside ou qualquer lugar depois da arrebentação.
- Quebradeira ou Quebra-Côco – aquele tipo de onda que fecha, ou seja, quebra tudo de uma vez, impossibilitando o surf. A não ser que você queira protagonizar um festival de vacas e caldos.
- Quilha – parte da estrutura da prancha. Pode ser removível ou fixa e fica embaixo da rabeta, servindo para dar mais ou menos estabilidade e velocidade, dependendo do objetivo do surfista. Hoje em dia é mais comum o uso de 3 ou 4 quilhas na prancha.
- Quiver – não existe tradução direta para o termo, mas trata-se do conjuntos de pranchas que um surfista tem para diversas condições de mar.
- Parede – quando a onda abre e quebra da esquerda para a direita, dizemos que a parede está se formando na direita da onda, pois é literalmente o que você vai ver se olhar para a direita na onda. É para onde o surfista deve ir ao completar o drop.
- Pico – ponto favorável a prática do surf.
- Point-Break – quando o pico de surf tem fundo de pedra. Quando entram as condições ideais de vento e ondulação, a onda acaba sendo sempre igual, tornando sua leitura mais fácil e precisa. O problema desse tipo de fundo é que a probabilidade de se machucar em uma vaca ou caldo é maior do que em um beach-break.
- Prioridade – regra criada em competições para definir quem tem a prioridade na próxima onda. Geralmente ela se aplica a quem está há mais tempo no outside sem pegar nenhuma onda.
- Rabear – é algo que não se deve fazer no surf. Quando um surfista já está na onda, descendo a parede, e outro surfista dropa na frente dele, impossibilitando que o primeiro continue na onda.
- Rabeta – parte de trás, ou rabo, da prancha. Pode ter diversos formatos e cada um funciona de uma forma diferente.
- Rasgada – mais uma manobra de surf. quando o surfista sobe na onda e faz um movimento brusco de descida em seguida.
- Reef-Break – quando o pico de surf tem fundo de coral. Quando entram as condições ideais de vento e ondulação, a onda acaba sendo sempre igual, tornando sua leitura mais fácil e precisa. O problema desse tipo de fundo é que a probabilidade de se machucar em uma vaca ou caldo é maior do que em um beach-break.
- Regular – é o surfista que usa o pé direito como base, ou seja, atrás na prancha, ao contrário do goofy. Para ele é melhor surfar ondas para a direita, as quais ele surfa de frontside.
- Remada – movimento de braçadas alternadas que o surfista faz para se locomover quando está deitado na prancha.
- Série – as ondas sempre vem em series, quase nunca sozinhas. É muito comum os surfistas estarem parados sentados na prancha quando, de repente, entram cinco ou seis ondas seguidas. Depois ele precisa esperar a próxima série.
- Shaper – é o artista que desenha e faz as pranchas de surf.
- Storm ou Mexido – quando o mar está bagunçado por causa da quantidade de vento, com formação muito irregular de ondas e quebras aleatórias.
- Strep ou Leash – famosa cordinha que prende o tornozelo do surfista a prancha.
- Swell – tempestade em alto mar. Quando ocorre um swell, pode ter certeza que ondas chegarão a costa. Muito comum o surfista falar “está entrando um swell grande amanhã”.
- Tail Slide – manobra na qual o surfista derrapa a rabeta da prancha. Pode ser feita de frontside ou backside e geralmente é combinada com um cut-back.
- Take-off – ato de levantar na prancha depois da remada para efetuar o drop.
- Terral – quando o vento sopra da terra para o mar. É o melhor vento para as condições de surf, quando não sopra muito forte, pois faz as ondas quebrarem mais regulares.
- Tomar na Cabeça – sabe quando você está muito embaixo, entra uma série grande e não dá tempo de remar nem para o outside, nem para a areia? Então, o que vai acontecer a seguir é tomar na cabeça.
- Tow-In – prática de surf que envolve o uso de jet-ski. O piloto do jet-ski puxa o surfista por uma corda e entra na onda para colocá-lo já em pé no drop dentro da onda. Geralmente usado em ondas grandes.
- Tubo – uma das manobras mais clássicas do surf. Quando o surfista fica embaixo do ombro da onda entubado, pegando velocidade para sair de lá antes que a onda feche em cima dele.
- Wildcard – competidor que não está automaticamente classificado para uma divisão, mas participa de um ou mais dos eventos dela por ser um bom local do pico ou uma escolha do patrocinador. Todo evento do WCT, por exemplo, tem vaga para dois wildcards.
- Wipe out, Vaca ou Caldo – famoso ato, mas nada desejável, de cair da onda por falta de equilíbrio ou durante uma manobra.
Eu sei que existem muitas expressões que não estão aqui, até porque isso muda regionalmente, mas… vamos combinar: você coloca nos comentários e eu adiciono no nosso dicionário.
Espero ter ajudado!
Valeu, brô!
Perguntas Frequentes
- Como a compreensão dos termos de surf e gírias melhoram a experiência de surf, especialmente para iniciantes ou não-locais?
- Compreender os termos de surf e gírias ajuda os iniciantes a se integrar à comunidade de surf, melhora a comunicação com outros surfistas e aprimora a compreensão geral da cultura do surf. É particularmente útil em contextos locais em que gíria específica pode ser comum.
- Como o entendimento dos termos do surf e da gíria beneficia os surfistas, e que papel a gíria desempenha na cultura do surf?
- Compreender os termos de surf e gírias beneficia os surfistas, facilitando a comunicação e aprimorando a compreensão do esporte. Slang desempenha um papel significativo na cultura de surf, refletindo o vocabulário e expressões únicos da comunidade.